19 de março de 2007

O que é o quê?


Sexo é carne, atracção é química, paixão é estado de espírito, amor é razão para viver!

18 de março de 2007

Ops! Que foi isto?

Eu vi!
Juro que vi!
Olhei, vi e reparei.
Milagre!
Eu, euzinha, olhar e... reparar, e ver, e olhar! Ena....evoluímos, sim senhor!
E reparei num sorriso lindo e tímido, num olhar transparente e interessado.
Pareceu-me interessante!
E pronto!
Sextas-feiras, passeio programado na esperança de ver melhor, reparar e depois perceber que estive com alucinações. Enfim, nunca se sabe!






15 de março de 2007

Escarros e cuspidelas

Há acontecimentos na nossa vida que nos marcam pelos mais diversos motivos.·

Eu, prefiro os que me marcaram pelo seu surrealismo e que, de alguma forma, acabam por ter piada. Vou contar um episódio que é, ainda hoje, fonte de inspiração humorística.


Há uns anitos atrás, trabalhava eu, desalmadamente, em part-time, num videoclube que pertencia a uma famosa rede na linha de Cascais (faliram, coitados, eh, eh!).·Nessa época, e durante um período longo (talvez uns 3 a 4 meses) todos os sábados era eu que abria a loja. Esta, estava protegida por um conjunto de 3 grades, presas com cadeado e só removidas manualmente (aquilo, exigia as mãos, os braços, as pernas e o corpito todo).·

A rotina era simples: primeiro, abria a porta, desligava o alarme, ligava as luzes e o computador e, por fim, dedicava-me à terrível tarefa de ponderar o retirar, ou talvez não, as famosas grades.·

Não pensem que a minha hesitação era somente porque aquilo era pesado e difícil.
Não!!!
Nada disso!
Curiosamente, não era esse o meu desespero.Confesso que cheguei muitas vezes a ir, para o café, mesmo ao lado, aproveitando (claro) para tomar a bica e fumar calmamente um cigarro enquanto me preparava, psicologicamente, para o feito.·E, até me preparava para enfrentar o público - como se faz no teatro - a sua maioria funcionários de outras lojas ali ao lado e espectadores que ao passar para ir fazer umas compras paravam, espantados, a admirar o "espectáculo".
Mas que raio?
O que se passava afinal?
Já todos querem saber, não é? Eh, eh!Eu conto... eu conto...

Na frente da montra da loja, havia um banco, daqueles estilo jardim.
Ora, todos os sábados, nesse banco, estava um senhor, ansioso, à minha espera.

(Note-se que era sempre, e só comigo, que isto acontecia. Mais à frente já explicarei como fiquei com essa certeza.)

Pois que o senhor, esperava ansioso pela minha chegada. Os olhos até brilhavam....( Brrr, que susto!) Depois, ficava a admirar, calculista, o meu esforço a retirar as grades.
Feliz, por ter cumprido a difícil tarefa, dirigia-me para o interior da loja e, assim que entrava, o senhor....( isto custa-me até relembrar) bem, o senhor, batia levemente com o punho na montra, e mal me virava, para a mesma, começava a escarrar e a cuspir com toda a sua pujança contra o vidro.
Aquilo era um dilúvio de cuspo ranhoso!!! Um nooooojjjjjjjooooooo!!!!!

Quem passava, parava para ver e ao fim de 3 sábados haviam espectadores assíduos.
O meu maior susto foi sem dúvida a primeira vez que isto me aconteceu.
Pensei que o senhor era louco mas nunca pensei que repetisse.
Mas, qual quê?!
Ele sabia o meu horário e sabia, melhor ainda, que aos sábados de manhã ficava sozinha na loja (trabalhávamos em dupla, na maioria das vezes) e começou a fazer isto sempre!O divertido era que ficava nisto uma meia hora - a cuspir e a escarrar para a montra - e depois, ia embora, satisfeito da vida como se tivesse cumprido uma missão.

Eu, cheguei a pensar que, se calhar, teria sido indelicada para o senhor em alguma ocasião e aquilo era uma espécie de vingança. Cheguei a pensar muitas coisas mais...cheguei a ficar deprimida por pensar que provocava este tipo de reacção nas pessoas...pensei tanto disparate...Ora, ao fim de uns 3 meses e farta de apreciar o espectáculo, resolvi pedir a um colega para trocar comigo o horário.

O Pipinho, assim lhe chamava, foi com dificuldade que aceitou a tarefa, pois até era hábito sair na sexta à noite e isto de ir de ressaca a um sábado de manhã, trabalhar e levar com uma cena destas não era fácil.
Mas, ele era um querido e lá foi todo preparado.·
Tranca de ferro, daquelas usadas no volante do carro, debaixo do braço, e postura a condizer.

Querem saber o que aconteceu?
Ah! Ah! Ah!Nada!!!!
Nada!!!
O senhor, estava lá mas quando viu o Pipinho...foi embora!
E esta?
No sábado seguinte, lá fui eu, a pensar que tudo voltava ao normal e ....credo!
Atacada a montra novamente!
Reconheço que o senhor até era gentil.Imaginem que, em vez de cuspir no vidro, me cuspia em cima? Mas tinha esse cuidado! Se calhar, era um cuidado semelhante ao da utilização de um preservativo.
Eu tinha era pena da D.ª Cipriana.
A D.ª Cipriana era a senhora que às segundas feiras fazia a limpeza da loja.
Coitada!
Em crioulo - era de Cabo Verde - praguejava e dizia: - Essi Homi é máluco, minina!É porrrrco!

E isto voltou a repetir-se e a repetir-se...

Ao lado, havia também, uma loja de venda de frangos ao domicílio, estilo telepizza mas com frango que tinha um nome jeitoso: "TELEPITO" ( eh, eh, eh, nome muito feliz e original, sem dúvida também faliram) e as coisas chegaram a um ponto tal que todos os entrega-pitos queriam fazer o turno do almoço para, de manhã, estarem a postos de apreciar o espectáculo.
Era uma risota.

Mas, um dia, a D.ª Cipriana, acabou com a brincadeira. Farta de tanto cuspo e ranho seco para limpar nos vidros fez "queixa à patroa" e claro que quando questionada contei a verdade.

Até parecia que a maluca era eu!

A partir daí, começaram outros a fazer o turno de sábado de manhã e o meu senhor amigo, cuspidor profissional, acabou por desaparecer.

Fica aqui um apelo: Se conhecerem o famoso escarrador e cuspidor profissional, digam-lhe que sinto a sua falta para animar as minhas manhãs de sábado.
Digam-lhe também que, infelizmente, moro num terceiro andar porque senão teria muito gosto em vê-lo a escarrar nas minhas janelas.Digam-lhe que é a minha fonte de inspiração para a maledicência porque, a partir de hoje, sempre que me apetecer falar mal de algo ou de alguém, irei chamar à crónica, "Escarros e Cuspidelas 1, 2, 3"... e por aí em diante.
Descobri que escarrar e cuspir em quem não gostamos é uma terapia muito frutífera.
Obrigada senhor escarrador cuspidor.