30 de julho de 2007

Não sei se o caminho que agora trilho é o caminho certo.
Sei que talvez possa ter que voltar para trás ou, pelo contrário, poderei até estar a seguir no melhor atalho.
Fui apanhada de surpresa mas nem por isso.
Fui surpreendida mas estava à espera.
E, foi bom!

Foi muito bom, sim!

Há muitos anos que não estava numa praia à noite.
Há muitos anos não me sentia de novo uma garota…
Foi bonito, foi natural…ele insistiu e eu cedi.








25 de julho de 2007

Afinal...era mesmo só um sapo!

No olhar vi doçura, no sorriso encontrei ternura…
Senti uma vibração renovada dentro de mim;
Um sentimento em que já não acreditava conseguir sentir…e fiquei feliz!
Feliz por reparar, por ser capaz…por simplesmente sentir..
Por me rever em ti.
Era mais do que química, era um recordar de vivências felizes, de partilha de cheiros, de lugares e preferências.
O deslumbramento aconteceu e eu, até então, presa aos meus medos, quebrei correntes e fugi!
Fugi, atordoada em direcção a ti.
Não sem receios, não sem contenções.
O passado me puxava para trás.
As correntes estavam quebradas mas, mesmo assim, ainda agarradas aos meus tornozelos e…pesavam.
Tentei ignorar, tentei continuar e…quando estava mesmo a chegar até ti……que triste desilusão!
Só então, percebi que eras mais um sapo que vagava por aí!
Um sapo velho, ansioso por beijos de princesas mas, nem por isso, para se transformar num príncipe.
Afinal, amigo sapo, só querias mais uma peça de colecção!
Não me querias a mim!
Eu, verdadeira princesa, herdeira de um coração de oiro, poderia ter ficado presa no teu encantamento.
Como podia…
Felizmente, e porque as correntes não me deixaram andar mais depressa consegui, a tempo, ver como eras na realidade: um pobre e infeliz animal numa busca, desesperada, de mais vítimas para se sentir a ilusão de uma realização momentânea.
E sofri!
Sofri e sofro por me saber iludida e por perceber que, afinal, o sapo nunca seria príncipe para mim!
Sim, porque sou uma verdadeira princesa!
Uma daquelas que já só se ouvem falar nos contos de fadas.
Mas, existo!
Existo e sou assim!

Mas, todas as histórias costumam ter uma moral, não é verdade?
Esta acaba mais ou menos assim:

Agora, que parti as correntes, e descobri que o coração de oiro não é tão duro assim, vou continuar noutro caminho e, apesar de ainda arrastar as correntes que me pesam, nos tornozelos, não voltarei atrás, para a minha masmorra e…sei que, um dia, talvez um pobre ferreiro, repare em mim e me quebre o que resta libertando-me, por fim…

24 de julho de 2007

Os homens são matemáticos, as mulheres poetisas.

Hoje, alguém me lembrou que há muito não escrevia neste espaço.
Numa troca de mails, no meu trabalho surgiu-me uma máxima- fruto de um sentimento de raiva momentâneo - e apeteceu-me transcrever parte do meu raciocínio:
..........................
As mulheres são muuuuiiiittttoooooo mais complicadas do que os homens, sem dúvida!
No fundo, nós, mulheres, temos inveja de não ter um “detector de metais” igual ao deles!
( Já repararam a atracção entre essa maquineta e uma simples moeda? O "aparelhinho" que os homens têm entre as pernas faz-me lembrar!!!!)
Se pensássemos como homens seria tudo bem mais simples.
(Chego a ter inveja dos homossexuais que se entendem nesse aspecto bem melhor que os hetero.)
Está comprovadíssimo que os cérebros são diferentes e por isso também o raciocínio.
Os homens são matemáticos, as mulheres poetisas.
A conjugação de ambas as qualidades faz com que o puzzle se complete e surja uma foto muito bonita.
O que estraga tudo, porque nos condiciona, são as experiências acumuladas, traumas e situações que não são resolvidas, por inteiro, em ambos os lados, atempadamente - isto sobretudo a partir de certa idade;
A experiência de vida condiciona os nossos gestos e atitudes.
Muitas vezes, faz com que contrariemos os impulsos que, claramente, são sempre mais espontâneos.
Mas, quando não os controlamos, inúmeras são as vezes que nos despedaçamos.
Por isso, há que exorcizar os fantasmas do passado e partir para nova etapa sem assombrações. O que nos trama é sempre a filha da p* da memória!
...........................
Obrigada pela inspiração meus queridos I & S.
Ah! E obrigada por me lembrares que posso sempre desabafar também aqui F.
I love my friends!

11 de maio de 2007


Porque gosto de algumas pessoas?
- Gosto de muito poucas pessoas. Quer dizer, não é bem assim! Gosto de muitas pessoas mas, só por um punhado, dou o coração.
Curiosamente, muitas vezes, sinto que nem sequer gosto mais, das que mais gostam de mim (ou que pelo menos o demonstram) mas sim daquelas que, por qualquer motivo, me despertaram um “click” cá dentro.
Às vezes, decepcionam-me mas, apesar disso esfriar o meu sentimento por elas, não me faz mudar o gosto que por elas sinto.
Vivam os amigos e todos os que merecem o meu tempo e amor. Eles me alimentam a alegria de viver e partilhar.
Obrigada por existirem!

5 de maio de 2007

Mãe


O que é ser mãe?
Será que o simples germinar de um feto dentro de si faz de uma mulher Mãe?
Não em parece!

DISTORÇÕES
Custa-me enfrentar, diariamente, mulheres que manifestam desejo de ser mãe como, se disso, dependesse a sua condição de mulher. Custa-me saber que muitas mulheres criam obsessões pela necessidade de ser mãe para, simplesmente, fazerem depender dessa condição os homens que acreditam amar. Digo “acreditam amar” porque não acredito em amor forçado, manipulado ou chantageado. Quem ama, simplesmente deixa fluir o sentimento, que pode ser recíproco, ou não, mas não o esforça. Quando se ama deseja-se, antes de tudo, o bem do ente querido e isso manifesta-se numa relação de respeito, partilha e confiança; um simples viver diário em prol da felicidade mútua. Quando um força o sentimento do outro, utilizando, para isso métodos tais como a gravidez, não só está a ser duplamente egoísta como se está a enganar a si próprio quanto à visão do amor que o outro manifestará por si.

MANIFESTAÇÕES
Mas, voltando ao “Ser Mãe”, a minha visão é plena. Não só por o ser, na sua verdadeira essência, como por acreditar ser, de facto, este o verdadeiro amor.
A um filho, uma verdadeira mãe ama sem condições (o verdadeiro amor incondicional).
Quantas mães, mesmo sabendo que seus filhos não passam de verdadeiros crápulas, não os continuam a amar?
Quantas mães suportam a vergonha de terem filhos ladrões, assassinos, etc. e no entanto lá estão nas visitas das prisões sempre como bolinho favorito do filho?
Ser mãe, é saber dizer "não" quando é preciso.
Ser mãe, é saber dar e partilhar conhecimento e experiência; ensinar e estar disponível para aprender.
Ser mãe, é tomar decisões que, por vezes, magoam, doem e destroçam mas que se transformam em valorosos investimentos.
Ser mãe, é dar afecto, colo, carinho no seu todo.
Ser mãe - cada vez mais - nesta sociedade que evolui confusa, em termos de designações, pode também ser pai. Nos dias que correm, cada vez há mais mulheres a criarem sozinhas os seus filhos. Umas por opção, outras por não terem alternativa. Na verdade, ser mãe é, na universidade da vida, o curso que nos tributará com o diploma mais distinto. Reconheço que há muitos pais que também o conseguem mas os genes, as diferenças físicas e mentais que distinguem os sexos, há milhares de anos, condicionam as suas avaliações finais.
Reconheço-lhes o mérito e manifesto-lhes a minha mais sincera admiração.

PARABÉNS MÃE
Parabéns, para mim, que sou mãe do filho mais querido do mundo.
Parabéns, para mim, por ser presenteada com um ser tão espectacular na minha vida e…
parabéns, para mim, por me aguentar, há sete anos, como mãe e como pai - em tudo o que envolve ter um filho (desde o financeiro ao emocional) - e por ter o reconhecimento de “bom trabalho” no seu desempenho, educação e tantos etc.s mais…
Obrigada filho, por seres quem és! Mas, quero que saibas que, mesmo que fosses outro, mesmo que não tivesses brotado dentro de mim, amar-te-ia assim mesmo!

Amo-te!
Mãe.

4 de maio de 2007

As fugas de Nina...2


Depois de mais uma notícia recebida, Nina resolveu que teria que cortar, em definitivo, todo o “blá-blá” que não adiantava, nem atrasava, com Carlos.
Aquilo estava a fazer-lhe mal!
Ela sabia perfeitamente esfriar qualquer conversa tão bem como sabia esfriar qualquer tipo de sentimentos. Assim determinada, enviou a Carlos uma resposta gelada de contornos telegráficos. Funcionou tão bem como uma almofada funciona para abafar um qualquer choro.
Carlos, desde então, nunca mais lhe escreveu. Certamente entendeu a mensagem. Que alívio sentia!

Nina, voltou a sorrir. Ao fim de uns quantos dias sem notícias de Carlos, Nina percebeu que conseguia, de novo, sorrir e fazer sorrir.

Nina tinha uma caixa onde guardava todos os seus segredos e secretos sentimentos. Os mais felizes e os mais dolorosos também! Nina, mais uma vez, abriu cuidadosamente a tampa dessa caixa, colocou Carlos lá dentro, fechou a tampa e arrumou-a, bem direitinha, na segunda prateleira do seu coração.

Como é bom ser livre! Como sabe bem não esperar nada de ninguém nem ter ninguém à espera de nada nosso! Nina, estava contente! Caminhou, passo firme, mão na mão de seu filho, e sentiu o vento, o sol, o cheiro da rua, do fumo dos carros que passavam e tudo estava, de novo, mais intenso!

Love Kills & Metropolis


Não descrevo o que só consigo sentir. Cliquem no tìtulo.

1 de maio de 2007

Anseios


"Meu doido coração aonde vais,
No teu imenso anseio de liberdade?
Toma cautela com a realidade;
Meu pobre coração olha que cais!

Deixa-te estar quietinho!
Não amais
A doce quietação da soledade?
Tuas lindas quirneras irreais,
Não valem o prazer duma saudade!

Tu chamas ao meu seio, negra prisão!
Ai, vê lá bem, ó doido coração,
Não te deslumbres o brilho do luar!...

Não 'stendas tuas asas para o longe..
Deixa-te estar quietinho, triste monge,
Na paz da tua cela,a soluçar..."

Florbela Espanca

21 de abril de 2007

As fugas de Nina...1


Nina, tinha um ar descontraído, e quem a visse e conhecesse não poderia dizer que era tímida. Parecia que Nina tinha uma incrível facilidade em meter conversa com qualquer pessoa e adorava fazer os outros sorrir. Na verdade, ela achava que esse era o melhor remédio para si e para os outros. No entanto, Nina, tinha uma limitação.
Tinha medo dos homens. Quem a visse não acreditaria. Esse medo não era infundado. Há anos, tinha sido casada com um homem que não a tratara nada bem (Nina foi mais uma das inúmeras vítimas de violência doméstica no nosso país). Dessa relação, nasceu uma criança, que era, acima de tudo, a sua razão de viver e lhe conferia força para encarar, com optimismo, as dificuldades que, diariamente, se lhe deparavam.

Tinham-se passado 7 anos desde que se separara e, desde então, nenhum homem lhe havia despertado intensa curiosidade. Nina, actualmente, nem se esforçava por prestar atenção ou se mostrar disponível. Durante os últimos anos, ainda tentou uma relação com uma pessoa que achou ter bom íntimo mas era mesmo um grande esforço e, ao fim de seis meses, tudo acabou por desinteresse comum.

No entanto, Nina há uns dois, ou três anos, havia reparado, por mero acaso, num simpático sorriso atrás do balcão onde ia, de vez em quando, tomar o seu café quando estava de férias. Não ligou, nem deu importância mas com o passar dos anos e inúmeros cafés tomados, foi olhando melhor, reparando, conversando e…começou a sentir algum fascínio pela figura que se desdobrava entre o seu café, as aulas (era professor) e, mesmo sendo uns 7 anos mais velho, usava um aparelho nos dentes que lhe conferia um charme adicional – pelo menos assim viam os olhos de Nina. Tinha um ar de miúdo crescido que a fascinava.
Nina começou a sentir-se tocada pela forma como ele falava com seu filho sobre matérias de interesse comum (desporto, música…). Sentia um certo rubor quando a via olhar mais atentamente para a sua pessoa. Era a primeira vez, em aos que Nina sentia atracção por um homem.
Na sua mais recente visita, em férias, reencontrou Carlos no seu café. Desta vez, foi ainda mais claro, para Nina, que aquele personagem a atraía de facto. Agravante, foi o facto dele se aproximar mais com conversa e notória disponibilidade para o seu filho. Num dos dias, Carlos pediu-lhe o mail para que Nina o pudesse ajudar numa questão relacionada com o seu trabalho. Nina deu-lho mas sem esperança que pudesse querer o seu e-mail para algo mais que isso mesmo.
Logo no seu primeiro dia de trabalho, Nina verificou que tinha um mail de Carlos. Ele, perguntava-lhe se tinha chegado bem, pelo se filho e enviava matéria para que o miúdo se entretece com links de consulta na Internet, etc. Nina, surpreendida, respondeu a agradecer e mais não esperou. Ela estava num estado emocional de auto protecção e terrivelmente assustada, com o facto de se estar a aproximar, involuntariamente, de alguém que a atraía.
Na mesma medida, que as trocas de mail se intensificavam, também aumentava a ansiedade de Nina. A base de assunto era sempre o Nico, seu filho, e ela não sabia como julgar o interesse manifestado por Carlos. Estaria ele interessado simplesmente em Nico por este ser, de facto, uma criança com piada? Ou estaria Carlos a utilizar Nico, como assunto, para se aproximar de Nina? Ela não sabia! Nina, em determinada fase, disse a Carlos que, quando voltasse para férias, logo falariam sobre Nico. Nina, estava a tentar, assim, acabar com a perturbação que a punha a fazer “filmes” na sua cabeça e fazia bater, com mais força, o seu coração. Nina acreditava que se Carlos estivesse interessado em manter algum tipo de amizade com ela, por ela mesma, voltaria a comunicar. Caso contrário eclipsar-se-ia.

Nina era, sem dúvida uma medrosa. Da mesma forma que empurrava Carlos para fora dos seus pensamentos, vivia diariamente na esperança de receber notícias dele. Nina sentia falta do sorriso e da simpatia dele. No entanto, pouco sabia sobre o seu viver. Era química, era atracção e Nina andava apavorada. Ao fim de tantos anos só, esforçando-se diariamente por se concentrar somente no essencial de uma vida simples e sem sobressaltos, criando com muito esforço e dedicação o seu filho, Nina sentia-se fraquejar e cada vez mais solitária.
A sua extroversão começava a transformar-se agora numa estranha calma de quem quer controlar o incontrolável. Nina queria controlar o seu sentimento de solidão – o sentimento que Carlos lhe despertara quando atingiu a sua carapaça. Nina chorava, de noite, baixinho, para que Nico não percebesse, a sua tristeza. Nina já nem tinha assunto para alegrar suas colegas, evitava cruzar-se nos corredores e nem lhe apetecia sair do seu lugar.
Na verdade, ela nem sabia como proceder, como levar o seu dia a dia agora, que algo/ alguém lhe tinha derrubado a muralha, tão sólida, que tinha construído à sua volta.

Indício de uma nova fase na sua vida? Assim parecia mas, Nina sabia que, tal como um bebé, aprende a andar, teria que reaprender a viver com a crua verdade que provava que ela se poderia apaixonar, e ter sentimentos iguais às outras pessoas. Sobretudo, teria que aprender a lidar com sentimentos diferentes do amor materno, do amor pela família e seus amigos. E, o pior de tudo, teria que faze-lo sozinha.

12 de abril de 2007

(...)

Presente



Passamos o tempo em pensamentos constantes que nos remetem ora para o futuro, ora para o passado. Tudo o que nos passa na cabeça tem por base uma vivência passada e projecta-se no futuro.

Num destes últimos dias, mais precisamente no dia 2, tive pela primeira vez noção do presente.

Chovia, eu vinha envolvida em pensamentos, como sempre, a conduzir pela auto-estrada A2, ansiosa por chegar ao trabalho. De repente, ouvi um estrondo, e em segundos comecei a dançar como se de uma valsa se tratasse. Lembro-me de pensar só no momento, de sentir que não era “um bom dia para morrer”, e toda a minha concentração ficou-se pelo presente. Rodopiei, bati e voltei a rodopiar até o carro parar.
Para além do pensamento me levar até ao meu filho, aos meus sobrinhos, irmão e pais, lembrei-me de 3 pessoas de quem gosto ( pelos vistos mais do que sabia até então).
Lembro-me que tudo depois foi fruto de reflexos vindos do meu inconsciente e que me transportaram para fora do carro, em segurança. Um milagre!

Para além de finalmente ter tido consciência do presente, recebi uma grande oportunidade de viver e sem qualquer arranhão, repensar muita coisa (de novo, com base no passado, repensar o futuro mas agora com noção do presente).

AMIGO meu, estejas lá onde estiveres, obrigada pela protecção da tua mão.
ÉS MAIOR do que eu imaginava.

19 de março de 2007

O que é o quê?


Sexo é carne, atracção é química, paixão é estado de espírito, amor é razão para viver!

18 de março de 2007

Ops! Que foi isto?

Eu vi!
Juro que vi!
Olhei, vi e reparei.
Milagre!
Eu, euzinha, olhar e... reparar, e ver, e olhar! Ena....evoluímos, sim senhor!
E reparei num sorriso lindo e tímido, num olhar transparente e interessado.
Pareceu-me interessante!
E pronto!
Sextas-feiras, passeio programado na esperança de ver melhor, reparar e depois perceber que estive com alucinações. Enfim, nunca se sabe!






15 de março de 2007

Escarros e cuspidelas

Há acontecimentos na nossa vida que nos marcam pelos mais diversos motivos.·

Eu, prefiro os que me marcaram pelo seu surrealismo e que, de alguma forma, acabam por ter piada. Vou contar um episódio que é, ainda hoje, fonte de inspiração humorística.


Há uns anitos atrás, trabalhava eu, desalmadamente, em part-time, num videoclube que pertencia a uma famosa rede na linha de Cascais (faliram, coitados, eh, eh!).·Nessa época, e durante um período longo (talvez uns 3 a 4 meses) todos os sábados era eu que abria a loja. Esta, estava protegida por um conjunto de 3 grades, presas com cadeado e só removidas manualmente (aquilo, exigia as mãos, os braços, as pernas e o corpito todo).·

A rotina era simples: primeiro, abria a porta, desligava o alarme, ligava as luzes e o computador e, por fim, dedicava-me à terrível tarefa de ponderar o retirar, ou talvez não, as famosas grades.·

Não pensem que a minha hesitação era somente porque aquilo era pesado e difícil.
Não!!!
Nada disso!
Curiosamente, não era esse o meu desespero.Confesso que cheguei muitas vezes a ir, para o café, mesmo ao lado, aproveitando (claro) para tomar a bica e fumar calmamente um cigarro enquanto me preparava, psicologicamente, para o feito.·E, até me preparava para enfrentar o público - como se faz no teatro - a sua maioria funcionários de outras lojas ali ao lado e espectadores que ao passar para ir fazer umas compras paravam, espantados, a admirar o "espectáculo".
Mas que raio?
O que se passava afinal?
Já todos querem saber, não é? Eh, eh!Eu conto... eu conto...

Na frente da montra da loja, havia um banco, daqueles estilo jardim.
Ora, todos os sábados, nesse banco, estava um senhor, ansioso, à minha espera.

(Note-se que era sempre, e só comigo, que isto acontecia. Mais à frente já explicarei como fiquei com essa certeza.)

Pois que o senhor, esperava ansioso pela minha chegada. Os olhos até brilhavam....( Brrr, que susto!) Depois, ficava a admirar, calculista, o meu esforço a retirar as grades.
Feliz, por ter cumprido a difícil tarefa, dirigia-me para o interior da loja e, assim que entrava, o senhor....( isto custa-me até relembrar) bem, o senhor, batia levemente com o punho na montra, e mal me virava, para a mesma, começava a escarrar e a cuspir com toda a sua pujança contra o vidro.
Aquilo era um dilúvio de cuspo ranhoso!!! Um nooooojjjjjjjooooooo!!!!!

Quem passava, parava para ver e ao fim de 3 sábados haviam espectadores assíduos.
O meu maior susto foi sem dúvida a primeira vez que isto me aconteceu.
Pensei que o senhor era louco mas nunca pensei que repetisse.
Mas, qual quê?!
Ele sabia o meu horário e sabia, melhor ainda, que aos sábados de manhã ficava sozinha na loja (trabalhávamos em dupla, na maioria das vezes) e começou a fazer isto sempre!O divertido era que ficava nisto uma meia hora - a cuspir e a escarrar para a montra - e depois, ia embora, satisfeito da vida como se tivesse cumprido uma missão.

Eu, cheguei a pensar que, se calhar, teria sido indelicada para o senhor em alguma ocasião e aquilo era uma espécie de vingança. Cheguei a pensar muitas coisas mais...cheguei a ficar deprimida por pensar que provocava este tipo de reacção nas pessoas...pensei tanto disparate...Ora, ao fim de uns 3 meses e farta de apreciar o espectáculo, resolvi pedir a um colega para trocar comigo o horário.

O Pipinho, assim lhe chamava, foi com dificuldade que aceitou a tarefa, pois até era hábito sair na sexta à noite e isto de ir de ressaca a um sábado de manhã, trabalhar e levar com uma cena destas não era fácil.
Mas, ele era um querido e lá foi todo preparado.·
Tranca de ferro, daquelas usadas no volante do carro, debaixo do braço, e postura a condizer.

Querem saber o que aconteceu?
Ah! Ah! Ah!Nada!!!!
Nada!!!
O senhor, estava lá mas quando viu o Pipinho...foi embora!
E esta?
No sábado seguinte, lá fui eu, a pensar que tudo voltava ao normal e ....credo!
Atacada a montra novamente!
Reconheço que o senhor até era gentil.Imaginem que, em vez de cuspir no vidro, me cuspia em cima? Mas tinha esse cuidado! Se calhar, era um cuidado semelhante ao da utilização de um preservativo.
Eu tinha era pena da D.ª Cipriana.
A D.ª Cipriana era a senhora que às segundas feiras fazia a limpeza da loja.
Coitada!
Em crioulo - era de Cabo Verde - praguejava e dizia: - Essi Homi é máluco, minina!É porrrrco!

E isto voltou a repetir-se e a repetir-se...

Ao lado, havia também, uma loja de venda de frangos ao domicílio, estilo telepizza mas com frango que tinha um nome jeitoso: "TELEPITO" ( eh, eh, eh, nome muito feliz e original, sem dúvida também faliram) e as coisas chegaram a um ponto tal que todos os entrega-pitos queriam fazer o turno do almoço para, de manhã, estarem a postos de apreciar o espectáculo.
Era uma risota.

Mas, um dia, a D.ª Cipriana, acabou com a brincadeira. Farta de tanto cuspo e ranho seco para limpar nos vidros fez "queixa à patroa" e claro que quando questionada contei a verdade.

Até parecia que a maluca era eu!

A partir daí, começaram outros a fazer o turno de sábado de manhã e o meu senhor amigo, cuspidor profissional, acabou por desaparecer.

Fica aqui um apelo: Se conhecerem o famoso escarrador e cuspidor profissional, digam-lhe que sinto a sua falta para animar as minhas manhãs de sábado.
Digam-lhe também que, infelizmente, moro num terceiro andar porque senão teria muito gosto em vê-lo a escarrar nas minhas janelas.Digam-lhe que é a minha fonte de inspiração para a maledicência porque, a partir de hoje, sempre que me apetecer falar mal de algo ou de alguém, irei chamar à crónica, "Escarros e Cuspidelas 1, 2, 3"... e por aí em diante.
Descobri que escarrar e cuspir em quem não gostamos é uma terapia muito frutífera.
Obrigada senhor escarrador cuspidor.


25 de fevereiro de 2007

Ai!Ai!Ai!Aiiii!!!!!!!!!!

Que grande seca...
Que chatice!
Todos os anos, quando o miúdo adoece, eu acabo por ficar com o dobro do que ele teve.
Um horror!
Desta vez, uma tosse, um catarro, um tudo me aparece...
Lembrei-me de uma musica do Sérgio Godinho que fazia parte do genérico de uns Desenhos Animados, da minha Infância, e que diziam algo assim:

"Por incrível que pareça,
por incrível que pareça,
não há nada,
não há nada,
que não me aconteça.
Ó sorte, malvada,
que vida Desgraçada,
ai!ai! ai! aiiiiii!!!!!!!"


Eram uma espécie de passarocos que viviam numa árvore!
E pronto! Quem se lembra?

22 de fevereiro de 2007

A amiga Papoila e o seu Cravo

Hip! Hip! Hurra!
Foi o que me apeteceu gritar quando soube que a Papoila 73 tinha encontrado o seu Cravo!
Já foi há algum tempinho, eh, eh.
E, sei que Deus é grande e está do lado dos que têm coragem de enfrentar a vida.
Tenho fé, e acredito, que ainda vou ver aquele campo cheio de pequenas flores.

Este exemplo, dá-me coragem para acreditar que, afinal, ainda é possível existirem os sentimentos que costumo designar como SENSACIONAIS - Sentem-se e são Reais! Eh, eh!


Desencantei-me com o Amor e ele fugiu de mim.
Não corri atrás e ele sumiu.
Nem a sua mãe, a Paixão, me quis falar!
Mas, eu sigo o meu caminho, devagar, devagarinho...

Quando a outra Papoila encontrou o seu Cravo,
vi sementes a desabrochar.
E, que bonito, de repente, tudo ficou!

E, se acredito neles, porque não em mim?

Talvez um Malmequer, um qualquer, um dia, me queira conhecer...
Mas se é um Mal que me Quer, é óbvio que não estou a fim.
Quem sabe um Lírio? Ou um Girassol?
Mas, não sei como cultivar meu jardim.
Vou ter que aprender, vou ter que suar,
E assim, não sei se quero tentar!
Já me cansei antes, de tanto me esforçar...

FIM.

17 de fevereiro de 2007

Rádio " Ai que Nerrrvvvvooossss"


Há dias que moem o nosso corpo e ferem a mente de tão chatos que são.
Hoje, é um deles.
Após 9 dias com o puto doente, os meus pais, em minha casa, para "ajudar", e um dia só com 2 cigarros fumados, os nervos são mais do que uma realidade; são uma onda de frequência tipo FM/AM em que todos os canais que tento sintonizar, passam a mesma música.
Arre!!!!!
Embirrações e mais confusões:


1. SACOS DE PLÁSTICO

Sacos de plástico é uma fixação de muitos elementos da terceira idade, que conheço.
Mas, como os meus pais, nunca vi.
Minha mãe, sabendo da minha velha embirração aos sacos, tem actualmente uma atitude de sacodepedente ou sacoólica (nem sei como chamar). Esconde os sacos nos cantos das gavetas, nos cantos da fruteira, até por trás do frigorífico.
E, não vale a pena pedir para não tarzer mais para casa. Ela acha que fazem sempre falta para o lixo, para colocar de tudo, dentro. Ora, sendo a velocidade de entrada de sacos em casa superior à de saída, prevejo, que dentro de 1 ano os móveis da sala terão que sair cá de casa para ter espaço para os indispensáveis sacos.

2. LAVAR A ROUPA SUJA

Socorro! Socorro! Não aguento! Tenho uma máquina de lavar roupa que não sendo de primeira linha, funciona muito bem.
Quem, pode, por favor, explicar à senhora minha mãe que a máquina é para usar?
A maezinha, diáriamente e, até mesmo antes de tomar o pequeno almoço, já está a esfregar a sua roupita, no lavatório, com toda a energia. E, se alguém estiver com pressa para ir à rua, trabalhar, ou mesmo fazer um xixizinho, tem que esperar pois, segundo a maezinha, a roupa é assunto prioritário. Nada a fazer!
O pior é que o meu filho com a idade que tem, suja imensa roupa e isto aqui em casa torna-se um drama.
De cada vez que suja uma camisola, lá vai a maezinha, a correr, esfregá-la no lavatório, acompanhada da frase: "- Melhor ir já, senão não seca!". É demais!
Tenho um roupeiro, cheio de roupa, para o miúdo, e o coitado tem que vestir as mesmas peças, dia sim, dia não, porque "como até acabei de passar, é mesmo à medida".

3. LAVAR DA LOIÇA

É como a roupa...

4. CHANTAGEM
Pois, perguntam-me porque aturo isto, né?
Pois... Aturo porque sou sozinha com o meu filho, não tenho absolutamente mais ajudas e, aproveitando-se desse facto, tenho que ceder, deixando-os remodelar a casa, colocando os móveis da maneira que mais gostam, tirando os meus tapetes favoritos, arrumando as coisas a seu jeito, cozinhando, lavando o que querem, como querem, caso contrário, oiço: "- Se não nos deixas fazer assim, vamos embora agora mesmo e, desenrasca-te!".
O que me vale é que estes períodos duram somente o tempo de doença e recuperação do miúdo (só que desta vez já vai 1 mês).

Se deixar de vir aqui... é porque posso ser visitada no Miguel Bombarda.